As suspeitas dos policiais encarregados de elucidar um dos crimes de
maior repercussão em Pernambuco nos últimos tempos se confirmaram. Na
manhã deste sábado (21), agentes da Coordenação de Operações e Serviços
Especiais (Core), do Grupo de Operações Especiais (GOE) e da Delegacia
de Homicídios de Olinda estiveram na casa onde Jorge Beltrão Negro Monte
da Silveira, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina de
Oliveira da Silva moraram em 2008, em Olinda, para realizar escavações
em busca de indícios sobre o desaparecimento de Jéssica Camila da Silva
Pereira, 17 anos, desaparecida em julho de 2008.
O trio, que está sendo investigado pelo homicídio e prática de
canibalismo de ao menos três pessoas, inicialmente, revelou à polícia
onde enterrou partes do corpo que seria de Jéssica, na residência
localizada nas proximidades da Rua A, na quinta etapa de Rio Doce.
Durante toda manhã, a movimentação dos vizinhos foi intensa. Os acusados
chegaram ao local por volta das 8h escoltados por uma equipe de 30
policiais, sendo 11 do Core, 12 do GOE e mais seis da Delegacia de
Homicídios de Olinda. No fim das buscas, veio a confirmação.
De acordo com o diretor de operações da Polícia Civil, Osvaldo Morais, o
material encontrado possivelmente é de apenas uma pessoa, supostamente
de Jéssica, mãe da criança que o casal registrou em cartório após o
crime. A criança, de 5 anos, teria testemunhado alguns assassinatos e
ingerido carne da própria mãe como alimento. “Os acusados apontaram com
bastante exatidão os locais dentro da residência onde teriam enterrado
partes do corpo, demonstrando a mesma frieza durante as investigações. É
provável que os ossos sejam mesmo de Jéssica Camila, mas somente a
perícia técnica e os exames poderão comprovar que os restos mortais se
tratam mesmo dela”, explicou.
A polícia informou que encontrou material humano na cozinha, no quintal e
em uma passagem entre os dois espaços. Algumas partes, inclusive, foram
emparedadas entre os tijolos. Segundo os policiais, foi necessário
cavar a uma profundidade de 80 centímetros a um metro em um dos locais
para encontrar mais restos mortais. A perícia do Instituto de
Criminalística (IC) informou que parte do material foi identificado como
sendo de falanges de dez dedos de uma das mãos. Alguns deles estavam
mumificados e, conforme informou o diretor Osvaldo Morais, podem
fornecer impressões digitais para identificação através de técnicas
forenses e exames de DNA. A equipe também encontrou pedaços de ossos que
corresponderiam à omoplata e uma clavícula da vítima.
Morais explicou, ainda, que o suspeito Jorge Beltrão confessou que
descartou partes maiores, como a cabeça, como lixo comum. A polícia
ainda pretende investigar uma outra residência próxima onde o trio
morou. Um morador que não quis se identificar disse informalmente à
reportagem do Diario que a atual moradora desta casa desconfia de um
fossa existente nos fundos da moradia. O delegado Osvaldo Morais, no
entanto, não confirmou esta informação e também desmentiu que as
investigações no estado da Paraíba, com as escavações na cidade de Conde
previstas para a próxima semana, são apenas uma especulação.
De acordo com Morais, caso se confirme que os restos mortais encontrados
hoje sejam de Jéssica Camila, os suspeitos serão indiciados por
homicídio qualificado e ocultação de cadáver. “O inquérito policial
realizado pela polícia de Garanhuns já está praticamente concluído. Mas
neste caso de hoje, como se trata de outra jurisdição, é possível que
tenhamos um prazo de 30 dias para concluir as investigações”, pontuou.
Além das mortes de Jéssica, Giselly e Alexandra, outras cinco possíveis
vítimas dos acusados estão sendo investigadas, sendo quatro em
Pernambuco (Casa Amarela, Recife; Casa Caiada, Olinda; e mais dois
bairros não identificados, sendo um no Recife e outro em Olinda) e uma
na Paraíba (Conde).
Por Augusto Freitas, da equipe do Diario
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